Cidades Sustentáveis

SONHOS E EXEMPLOS DE UMA NOVA CIVILIZAÇÃO VERDE

O crescimento sem precedentes das áreas urbanas

Mais da metade da população mundial atual vive em cidades e essa proporção vai aumentar para mais de dois terços até 2050, de acordo com as previsões das Nações Unidas.

A urbanização tem enormes consequências ambientais, tanto global quanto local. Já se calcula que os moradores da cidade são responsáveis ​​por até 70% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.

O desenvolvimento urbano em expansão consome terras cultiváveis ​​e espaços verdes vitais, além de um número crescente de residentes da cidade pressionar os recursos de energia, água, resíduos, gestão, sistemas de esgoto e redes de transporte. 

Portanto, a fim de combater as mudanças climáticas, evitar danos duradouros aos ecossistemas e melhorar a saúde e o bem-estar de bilhões de pessoas, soluções para esses problemas devem ser buscadas no nível municipal. 

Ao mesmo tempo, a sustentabilidade ambiental deve andar de mãos dadas com outras metas importantes, como a promoção do desenvolvimento econômico e a redução da pobreza e melhorando a qualidade de vida. Na verdade, a agenda verde é uma parte necessária de estratégias holísticas lideradas pela cidade para a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

 

Compartilhando práticas recomendadas

Dar atenção à questão crítica da sustentabilidade ambiental urbana, ajudando as cidades a aprenderem umas com as outras criando uma ferramenta única que ajuda as cidades a comparar seu desempenho e compartilhar as melhores práticas são os objetivos da série Green City Index, um projeto de pesquisa conduzido pela Economist Intelligence Unit (EIU) e patrocinado pela Siemens, do qual extraímos os dados para compor este artigo. 

A série começou em 2009 e cobre mais de 120 cidades de todos os continentes, selecionadas de acordo com seu tamanho e importância, e os relatórios foram sendo emitidos continente por continente entre 2009 e 2012. Cada relatório contém lições gerais para a região, bem como perfis de cidade detalhados que descrevem desempenhos individuais e melhores práticas. 

A série coletou dados das cidades selecionadas em aproximadamente 30 indicadores, com oito a nove categorias, dependendo da região. Abrange as emissões de CO2, energia, edifícios, uso do solo, transporte, água e saneamento, gestão de resíduos, qualidade do ar e governança ambiental. 

Cerca de metade dos indicadores em cada Índice são quantitativos – geralmente dados de fontes públicas oficiais, por exemplo, emissões de CO2 por capita, consumo de água per capita, taxas de reciclagem e poluentes atmosféricos concentrados. O restante são avaliações qualitativas da cidade, políticas ambientais – por exemplo, o compromisso da cidade de obter mais energia renovável, políticas de redução de congestionamento de tráfego e ar códigos de qualidade. 

Os indicadores específicos diferem ligeiramente de índice para índice, levando em consideração os dados da conta e os desafios únicos em cada região, por exemplo, o Índice Africano inclui indicadores que medem o acesso à eletricidade e água potável e a porcentagem de pessoas que vivem em assentamentos informais. 

 

Cidades destaque em sustentabilidade (por região)

Europa — Copenhague (Dinamarca)

Na Europa, Copenhague lidera o índice, com as cidades nórdicas vizinhas de Estocolmo e Oslo logo atrás. 

A capital dinamarquesa também é a primeira na categoria individual de governança ambiental. A cidade indica coordenadores ambientais para cada unidade administrativa, que se reúnem regularmente para troca de experiências.

Acima de tudo, o atributo de destaque de Copenhague é consistência. A cidade termina entre as cinco primeiras de todas categorias, exceto uma – resíduos e uso da terra.

Copenhague também é muito ambiciosa em limitar a emissão de carbono. Em 2009, estabeleceu a meta de se tornar neutro em CO2 até 2025, meta que, se cumprida, a tornará a primeira grande cidade neutra em carbono no mundo. 

A cidade visa atingir 10% de suas reduções de CO2 por meio de projetos de construção e renovação, com planos para atualizar todos edifícios municipais com os mais altos padrões de eficiência energética. 

Copenhagen também tem um extenso sistema de transporte público, incluindo um sistema de metrô, ferrovias suburbanas e redes de ônibus, e virtualmente todos os residentes vivem a 350 metros do transporte público. 

Além disso, a capital dinamarquesa pretende se tornar a “melhor cidade do mundo para ciclistas”, aumentando a proporção de residentes que usam regularmente uma bicicleta para se deslocar de 36% em 2009 para 50% até 2015. 

América Latina — Curitiba (Brasil)

Curitiba é a líder absoluta no Índice da América Latina. A cidade brasileira é o berço do trânsito rápido de ônibus (BRT) e tem a primeira grande rua exclusiva para pedestres do Brasil. 

 Prédio principal da UFPR, em Curitiba.

Sua supervisão ambiental é consistentemente forte e está entre as melhores políticas ambientais do Índice em cada categoria. Desde 2009, por exemplo, a autoridade ambiental da cidade tem conduzido um estudo em andamento sobre a taxa de absorção de CO2 em espaços verdes, bem como avaliar as emissões totais de CO2 na cidade. 

A principal razão para o excelente desempenho de Curitiba é um longo histórico de avaliação do meio ambiente, o que é incomum na região. O planejamento integrado permite bom desempenho na área ambiental e cria benefícios em outras. Por exemplo, o transporte público de sucesso teve uma forte influência nos bons resultados de Curitiba na qualidade do ar. 

Outra iniciativa que se destaca em Curitiba é o seu agora conhecido programa de reciclagem, lançado em 1989. Os residentes separam materiais recicláveis, incluindo vidro, plástico, papel e dispositivos eletrônicos antigos, que a cidade coleta três vezes por semana.

 

Ásia — Singapura (Singapura)

Cingapura tem o melhor desempenho da Ásia e mostra resultados consistentemente fortes em todas as categorias individuais. O impressionante desempenho ambiental de Cingapura é um legado de sua história. 

Rodovias da cidade de Singapura

Desde que a cidade ganhou independência em 1965, o governo enfatizou a importância da sustentabilidade por meio de um planejamento integrado ao desenvolvimento de alta densidade populacional e conservação de espaços verdes. Além disso, a cidade-estado independente instalou usinas de reciclagem de água de ponta e instalações de transformação de resíduos em energia, e tem feito grandes investimentos em seu sistema de transporte.

Cingapura é a melhor cidade da região na categoria de resíduos, gerando apenas 307 kg de resíduos por pessoa por ano, em comparação com a média do Índice Asiático de 380 kg. 

O governo estabeleceu uma meta de reciclar 65% dos resíduos até 2020, com um aumento de 56% em 2007-2008. As autoridades distribuem sacos de reciclagem ou lixeiras para as famílias – com sucesso nos resultados: A participação das famílias na reciclagem aumentou de 15% em 2001 a 63% em 2008. 

Cingapura também tem um desempenho muito bom na categoria de água. Sofrendo de um suprimento limitado de água em seu território, Cingapura instalou cinco usinas de recuperação de água de renome mundial, que tratam águas residuais por meio de microfiltração, osmose reversa e tecnologia ultravioleta. Estes fornecem um quinto do abastecimento de água da cidade. 

Da mesma forma, a cidade tem metas ambiciosas de transporte, com a meta de ter 70% das viagens realizadas durante o deslocamento matinal para usar o transporte público em 2025 (eram 59% em 2008). Para atingir essa meta, fez investimentos significativos em transporte público e desenvolveu conexões mais contínuas entre os serviços de ônibus e ferroviários. 

As políticas de Cingapura também apoiam essa meta, com um sistema de cota de veículos que controla o número de veículos na cidade. Mais licenças estão disponíveis para carros menores e com baixo consumo de combustível. A cidade também opera um programa de tarifação de estradas.

 

América do Norte — São Francisco (EUA)

São Francisco lidera o Índice dos EUA e Canadá, impulsionada por políticas fortes em todas as categorias. 

Vista aérea do centro de São Francisco, EUA.

A gestão de resíduos é um ponto forte particular. Em 2009 São Francisco se tornou a primeira cidade dos EUA a exigir que todos os residentes e as empresas separem o lixo e o composto do lixo normal. Como resultado, a cidade apresenta o melhor índice municipal de reciclagem, com 77%, no Índice dos EUA e Canadá. 

A cidade também tem sido pioneira em parcerias com o setor privado em iniciativas verdes inovadoras. Isso inclui programas de conscientização sobre eficiência energética pagos por empresas e de baixo custo empréstimos a proprietários para financiar melhorias verdes. 

A cidade exige que todas as empresas com mais de 20 funcionários ofereçam a eles um benefício para despesas de transporte público ou para pagar por estas despesas diretamente. 

São Francisco ocupa o segundo lugar na categoria de edifícios, em parte por seus regulamentos que cobrem os edifícios comerciais na cidade. Prédios comerciais maiores que 10.000m² precisam realizar auditorias de eficiência energética a cada cinco anos. A cidade estima que, por meio de auditorias obrigatórias, os edifícios podem reduzir o uso de energia em até metade em 20 anos. 

 

África — Cidade do Cabo/Joanesburgo/Durban (África do Sul)

No Índice Africano, Cidade do Cabo, Joanesburgo e Durban estão entre as cidades líderes no Índice principalmente por seu compromisso com as estratégias, códigos e planos para monitorar o ambiente urbano. 

Vista da Cidade do Cabo, África do Sul

A Cidade do Cabo, por exemplo, estabeleceu um Plano de Ação de Energia e Mudança Climática abrangente para melhorar o desempenho verde. Particularmente no uso da terra, atinge o melhor resultado no Índice, especialmente devido às suas fortes políticas de contenção da expansão urbana.

Durban e Joanesburgo também têm um bom desempenho geral em políticas ambientais. Durban está lidando com a mudança climática por meio do Consórcio de Mudanças Climáticas de Durban, uma colaboração com o setor privado e organizações não governamentais para realizar vários projetos. Isso inclui a reforma do Estádio Moses Mabhida para torná-lo mais eficiente em termos de energia e um projeto de reflorestamento no aterro sanitário de Buffel Draai.

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